Dia da Mãe... "Porquê eu?"

Uma semana depois do dia em que se celebra a grandiosidade da maternidade, ganhei hoje coragem de relatar o que se passou nesse dia. 
Não sei se foi um sinal, se mera coincidência. 
Vou então contar este capítulo da minha história.  

Estava a jantar com o meu marido, a comer o belo caldo verde na Rua dos Pescadores, quando vejo várias mulheres a descerem a rua, com uma mão dada aos seus filhos, agarrando singelas flores com a outra mão, certamente ofertadas por este dia especial. 
Senti uma pequenez dentro do meu peito. Só pensei: "espero que cada uma delas saiba valorizar estes presentes que a vida lhes deu". Senti-me pobre de espírito. Senti-me vazia. Não digo inveja, mas um enorme desejo de também eu ter direito àquele momento… 
Saí de mão dada com aquele que faz este caminho a meu lado, dia após dia.
Sonhamos. Sonhamos muito. Temos esperança, temos fé. Acreditamos que um dia seremos nós. 
Estava tanto frio que partilhámos o meu lenço, colocando-o pelas nossas costas, quase que em modo casulo. Não, nós não somos nada dados a romantismos mas amamo-nos nas coisas mais simples. 
Caminhávamos para digerir o jantar (mas também as angustias que atormentam os nossos corações), quando alguém fez-nos parar: uma senhora, estrangeira por sinal, estendeu a sua mão e, sem pronunciar uma única palavra, ofereceu-me quatro cravos e um sorriso confiante. Agradeci, com voz trémula e incrédula. Não percebi o que estava a acontecer. Ainda hoje não sei o que ali se passou. Ela seguiu o seu caminho, com outras tantas pessoas que a acompanhavam. Nós seguimos o nosso, sempre em frente. "Porquê eu?" - era o pensamento da noite.
Tinha quatro flores na mão, um marido que me ama e a certeza de que a vida oferece-nos os presentes que quer e quando quer: começo a acreditar que tudo terá o seu tempo para acontecer.

Até já! ;)

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